quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Quem (realmente) se importa?



Nessa semana eu vi na tevê um comercial com o dr. Dráuzio Varela falando sobre o Aedes aegypti. Ele dizia sobre a limpeza de locais públicos que é responsabilidade das prefeituras e que devemos fazer nossa parte também. 

Isso é interessante.

O quanto já não ouvimos sobre isso?

O quanto já não ouvimos que as pessoas não querem deixar os agentes entrar nas residências?

O quanto já não ouvimos pessoas reclamando que elas fazem sua parte mas o vizinho não?

É isso mesmo. Você pode limpar tudo, retirar todos focos, deixar tudo ótimo, mas se seu vizinho não fizer de nada adiantará. E é nesse momento que eu fico pensando quem realmente se importa. 

Quando acontece algo assim as pessoas tendem a culpar os governos, em todas as esferas. E se, por acaso, ficam doentes e precisam de um atendimento público reclamam ainda mais dos governos. A visão da maioria é que os governos tem total responsabilidade por tudo, eles tem que limpar as áreas, remover os focos, matar os mosquitos (ou mosquitas) e atender as pessoas com sintomas (concordo que essa última parte seria dever dos governos mesmo). 

Mas algo estranho acontece. Quando alguma lei é criada e incide diretamente na população o primeiro argumento de revolta é que o "governo não tem que interferir na vida da população", não pode dizer o que eu ou qualquer pessoa deve fazer ou deixar de fazer (ou como criar meu filho - visto umas leis relacionadas). Mas quando é um problema como o caso do Aedes os governos tem que fazer algo. Engraçado. Muitos pedem assistencialismo mas não querem ser dirigidos por eles, por assim dizer.

Será tão complicado assim mudar um pouco a visão das situações e analisar que podemos fazer tanta coisa, e que não precisamos depender 100% dos governos. (Talvez ai more o segredo para que os governos possam realmente fazer o que eram para fazer? Quem sabe.) Podemos olhar nossos terrenos, nossa rua, nossos condomínios, nosso trabalho. Pedir que um vizinho ou um amigo limpe sua área e verifique se há possíveis focos ou não. Vi uma reportagem onde mostrava uma rua repleta de entulho jogado, e lixo espalhado. Focos e mais focos para a proliferação do mosquito. E a culpa é do governo? Foi ele que jogou aquele entulho lá? E os lixos? Vieram voando e caíram ali acidentalmente? 

"Ah, mas não há recolhimento!"

"O lixeiro não passa aqui!"

Será mesmo? Será que o carro de coleta não passa na Terça e as pessoas jogam o lixo na Segunda? Será mesmo que não poderiam solicitar alguém para recolher os entulhos ao invés de jogá-los na via? Não. Sabe o motivo? O motivo é a obrigação do governo. Nessa hora ele tem obrigação, ele precisa aparecer, e se não aparece causa revolta. Mas um pouco de educação não ajudaria?

Mas isso não limita-se a essa situação. Às vezes aparece uma pessoa com boas intenções, mas é podadas por outras que só reclamam que os responsáveis nada fazem. Quando cinco ou seis pessoas poderiam resolver o problema de forma provisória e acionar os órgãos competentes para resolver de forma definitiva. Mas as pessoas não se importam. Não estão nem ai. É o mesmo caso daquelas pessoas que passeiam com seus cães e os mesmos defecam na porta dos outros e seus donos apenas viram as costas como se nada tivesse acontecido. De quem é a responsabilidade? A pessoa pode sair da sua casa e deparar-se com fezes de animais dos outros e ainda tem que limpar? Isso é o correto? Creio que não. Mas essa é a mentalidade de muitas pessoas. Posso citar até mesmo o caso de pessoas que vão às praças de alimentação de shoppings e deixam tudo em cima da mesa, tudo bagunçado, resto de comida espalhado e etc. Eu me pergunto se fazem isso também em suas casas (deve ser uma bagunça), mas não. Não fazem. E sabe o motivo? No shopping há quem limpe. É aquela máxima de "Ah, mas estou dando trabalho para a pessoa, ela vai ficar sem fazer nada?". Desculpe, mas os funcionários estão lá para manter a limpeza e ordem do local não estão lá para servi-lo ou servi-la. Mas, infelizmente, essa é a mentalidade da maioria da população. 

Por isso que eu fico na dúvida de quem realmente importa com algo. 
Parece que está tudo jogado aos ventos.

 "Deixe que outro faz".
"O governo está ai para isso".
 "Ué, eu pago impostos para isso".
Entre outras frases feitas. 

Será mesmo? Será que se colocássemos a mão na consciência (se é que muitos a tem) as coisas não melhorariam um pouco que fosse? Não poderíamos estar em melhores condições? 

Mas enquanto as pessoas não se importam ou querem que os governos se importem mais, as pessoas estão ficando doentes, correndo riscos e crianças nascendo com problemas de má formação. 

Esse ano teremos eleições, e veremos sorrisos e promessas, e essas mesmas pessoas vão acreditar e tudo continuará como está, o círculo vicioso do mal permanecerá. 

É isso.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Lei Rouanet e Cláudia Leite.

Estou vendo muita revolta por conta da cantora Cláudia Leite ter um projeto aprovado para captação de verbas para um livro autobiográfico. Muitas pessoas revoltadas com isso, e etc. Mais um texto que ficou muito grande para o Facebook e resolvi colocar aqui.

Bom, no que consiste a Lei Rouanet? 

Tentarei explicar de modo claro de acordo com a breve pesquisa que realizei (caso alguém seja especialista pode me corrigir em algo).

Qualquer pessoa pode apresentar um projeto para a Lei Rouanet. Se aprovado o projeto, começa a captação de verbas que vem de empresas públicas ou privadas, que em troca tem abatimento no Imposto de Renda e outros Incentivos Fiscais. Nesse ponto, podemos dizer que é um dinheiro "não arrecadado" pelos cofres públicos que poderia ser investido em outras áreas, mas, podemos dizer também que é um dinheiro investido em cultura (ainda que o termo "cultura" tenha certa diferença entre as pessoas).

Com esse dinheiro é realizado o projeto. Vários artistas já se beneficiaram dessa lei. A própria Cláudia Leite para em 2013, assim como Rita Lee, Humberto Gessinger, Tico Santa Cruz e seus Detonautas; peças como Elis, Chacrinha, shows como o Rock in Rio e outros. E outros vários projetos foram rejeitados, assim com um filme sobre a vida do deputado Jean Willys. Um projeto passa por diversas fases para ser aprovado ou reprovado. Não é algo de um dia para o outro.

Ao meu ver, se não fosse dessa maneira seria muito complicado realizar tais projetos, visto o alto custo. E essa lei vem ajudar nessas produções. O mesmo vale para um livro ou cd, ou peça teatral ou qualquer outro projeto que conste na lei como projeto cultural. 

Como exemplo, se por ventura, eu escrever um livro eu preciso de verba para investir, poder imprimir, fazer o marketing e tantas outras burocracias. E essa lei facilitaria muito isso. Quando vemos um filme nacional e antes de começar vemos aqueles logotipos de empresas, ou até mesmo durante o filme um pequeno merchandising, são empresas que colaboraram com o projeto.

Hoje temos sites como Catarse que você pode colocar um projeto lá e arrecadar um valor mediante a "premiações" para quem investir. Você define um valor, e as cotas e se atingir o valor você começa o processo, e envia os prêmios para os investidores, pode ser desde um exemplar de um livro ou quadrinho autografado até mesmo uma participação no evento de lançamento. São pessoas físicas, ajudando um projeto que eles achem viável ou interessante, seria o mesmo caso na Lei Rouanet, mas a premiação nesse caso são os incentivos fiscais.

O intuito da lei quando criada, era incentivar pequenos artistas e produtores para executar seus projetos. Atualmente o que tem sido contestado é o uso da Lei Rouanet para projetos que são auto-sustentáveis, ou seja, eles tem plenas condições de conseguir o valor investido sem a necessidade da lei. E também produtoras que acolhem vários projetos ao mesmo tempo e recebem valores bem maiores dos que os arrecadados. Pela lei, uma mesma produtora não pode ter muitos projetos ao mesmo tempo. Esses são alguns pontos que podem ser alterados nos próximos dias. 

A ideia da lei é interessante e ajudaria muito a cultura do nosso país que anda pobre. Mas o problema é que as pessoas acabam usando de má fé e em benefício próprio algumas leis. Outro ponto importante, é saber pelo menos o básico de algumas leis importantes que direta ou indiretamente nos influenciam.

Espero ter ajudado em algo, e novamente, caso alguma pessoa queira corrigir-me em algum ponto, sinta-se a vontade.

É isso.


sábado, 13 de fevereiro de 2016

Eu vou é cuidar da minha vida...

Ao lado do condomínio onde moro há um terreno, e sempre quando chove desce uma lama desse terreno e fica acumulada na sarjeta e impede a água de escoar formando uma grande poça. Essa poça fica lá por dias, demora para secar. E quando chove começa tudo novamente. Tem chovido muito aqui em Jundiaí (muito mesmo) ultimamente e ficou uma grande poça nesse local.

Com essa festa que o Aedes está fazendo, não dá para vacilar com água parada, certo? Então, eu tirei uma foto do local e postei no grupo do condomínio perguntando se era nossa responsabilidade ou se teria que acionar a prefeitura. Algumas pessoas disseram para acionar direto a prefeitura, e outras disseram que o condomínio não tem obrigação, que não cuida nem do que é para cuidar, que não demos administração, que a prefeitura demoraria muito, isso se viesse, que o país está horrível (só faltaram falar que era culta da Dilma) e etc. Claro que o foco não era esse, mas parece que as pessoas estão pré dispostas a discutir, sempre aparecem armadas, mesmo que sejam armas falsas. Nesse momento eu comecei a pensar na besteria que eu fiz. Poderia ter ficado quieto na minha. Não ter falado nadas, ter acionado a prefeitura direto e pronto. Mas não. Lá fui eu tentar salvar o mundo novamente…

Pois bem, foi comentado que seria bacana se montássemos um mutirão para não deixar daquele jeito até que a prefeitura fazer algo. Alguns acharam bacana e só. Como eu não tenho esse tipo de ferramenta, peguei emprestado uma enxada e fui para lá. Quando cheguei, vi que era pior do que eu pensava, havia muita lama, e sozinho eu não ia conseguir limpar aquilo. Comecei a fazer um caminho para a água poder escoar, e como não tenho habilidade alguma com enxada já é previsível que não foi sensacional. Para ajudar pisei em um buraco e levei um belo de um rola, foram 128kg caindo como uma pluma. Sensacional. Como estava sol, e comecei a suar mais que cavalo de cigano em dia festa, a minha pressão resolveu dar as caras, como ela sempre está lá em cima, percebi que ela queria chegar a níveis estratosféricos e resolvi dar uma parada. Consegui fazer um pouco, mas muito aquém do que eu havia imaginado.

Mas como essas experiências nos deixam mais experientes eu aprendi algumas coisas.
Eu preciso parar de querer que as coisas sejam certinhas, não são. Parar que mostrar que alguma coisa está errada. Cuidar apenas da minha vida e deixar o resto para lá, desde que não tenha influência sobre mim ou minha família. Se eu constatar algo errado, entrar em contato com os órgãos competentes. Se eles não resolverem, vou ler um livro. Pensar muito, mas muito antes de escrever algo, ou dizer algo que possa servir como pavio para discussões imbecis e sem sentido. Continuar com a minha antissocialidade. Sempre me questionam sobre isso e agora sim vou dizer em alto e bom tom que prefiro meus livros, quadrinhos, Xbox e outras coisas que me faça ter menos contato possível com as pessoas. É incrível o nível que estamos alcançando, é melhor discutir por coisas idiotas do que tentar uma solução para um problema que pode custar nossa saúde ou até mesmo a vida. Em suma, eu preciso largar a mão de ser trouxa.
Agora aqui estou eu, com o tornozelo doendo e o orgulho ferido.


É isso.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Jeito certo ou jeito errado?

Qual caminho seguir?
Preciso me desfazer de um colchão maior que o tamanho padrão, ou seja, meio trambolho. Perguntei na administração do condomínio onde moro se eu poderia deixá-lo na área da lixeira, assim o pessoa colocaria na hora do recolhimento ou quando o reciclável viesse. Me disseram que não e que era para eu ligar no 156 da prefeitura e agendar um dia para que eles recolhessem o objeto.
Liguei no 156 e fui informado que eles não fazem isso, e a atendente nem sabia ao certo o que eu poderia fazer. Me passou, então, o telefone da Limpeza Pública. Liguei e fui informado que eles não fazem "coleta" e nem há um local onde eu poderia levar o colchão e que eu teria que deixar na rua que o carro do "Cata-Treco" recolheria. Informei meu bairro e ela me disse o dia que o horário que o carro passa recolhendo os materiais.

Certo, nada de extraordinário, você deve estar pensando agora.

Mas eu fiquei ruminando em algumas coisas. Se fosse para deixar na rua eu tinha deixado sem perguntar para ninguém (já que esse é um hábito usual das pessoas). Tentei fazer algo de um jeito que não pudesse prejudicar, que não houvesse risco de deixar algo na rua e não ser recolhido. Em época de Dengue, Zyka, Chikungunya e escorpiões é complicado largar as coisas na rua dando mole para criadouros. Olhando pela janela eu vejo uma rua de terra que corta um terreno alto, e nos pontos mais altos as pessoas depositam lixos, entulhos, resto de móveis e etc. Já houve até incêndio (de grandes e pequenas proporções) nesse lugar. Há outros lugares aqui mesmo em Jundiaí e cidades próximas que é só encostar o carro e jogar tudo lá. Não tem problema, não há fiscalização e muito menos limpeza.

Vou ter que fazer isso, vou acreditar que o colchão será recolhido e vou deixá-lo em algum ponto da rua e passarei no dia seguinte para verificar se o mesmo foi recolhido. Eu poderia ir por esse meio mais fácil, simplesmente levar até um local desses e jogar lá mesmo. Mas eu tentei o modo mais complicado (que é sempre o correto, incrível não?).

Mas eu ainda continuo pensando: poxa vida, não seria bem melhor se houvesse um local para eu poder levar esse material ou que eles pudessem agendar um recolhimento? É tão estranho deixar as coisas assim na rua, já há tanto entulho e lixo espalhado.

Daria para fazer do jeito certo, mas o jeito errado é sempre a primeira escolha ou a mais fácil. E ninguém se importa com as consequências.