terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Adoção x Marginalidade



O site do Estadão publicou uma matéria sobre um casal gay (homens) que adotou  uma criança que havia sido rejeitada por três casais héteros. 

Para mim não há nada de anormal nessa matéria, gostaria que fosse algo normal, mas não é. Esse tipo de matéria ainda causa espanto e, em muitos casos, asco. Sim, vou colocar aqui aquele papo de que 'cada um tem seu gosto e tem que respeitar e blá, blá, blá..'. Sabemos que não é assim. Sabemos que aqui não é assim. O Brasil é um país extremamente racista e homofóbico, podem dizer que não para poder 'passar um pano', mas é a mais pura verdade. 

Esse problema não é algo que será sanado da noite para o dia, assim como não será da noite para o dia que haverá respeito entre as pessoas. Cada um tem sua razão e acha que essa razão é mais importante que qualquer outra coisa, inclusive da razão dos outros. Pois bem, vamos aos fatos. 

A criança em questão foi adotada por três casais héteros, aquele tipo de casal que forma uma família, como muitos por aqui batem no peito para dizer. Temos vários defensores da 'verdadeira família'. Muitos desses defensores tem argumentos tão incríveis que chegam ao limite do humor. Sem citar aqueles que se penduram em dogmas religiosos ultrapassados dos quais nem mesmo quem prega faz. Mas vamos deixar essa questão de lado, por hoje.

Depois de três casais héteros rejeitar o menino, um casal gay adota-o. Aí entra um questão importante. Se por acaso esse casal não fizesse isso o que aconteceria com esse menino? Complicado dizer. Poderia vir uma outra família e adotá-lo? Sim, porque não. Mas depois de três casas como estaria a cabeça dessa criança. Esse casal se encantou e adotou-o. A certeza que eu tenho é que esse menino não estará nas ruas daqui uns anos, e não sofrerá maus tratos por pessoas que não tem perfil algum de criar um filho. Com certeza esse menino será amado, terá alimento, e o principal: terá estudo. Terá uma educação, poderá se tornar um grande cidadão. 

Mas ai vem a bancada do contra para argumentar: "Mas como vai ser ele com dois pais, como será a cabeça desse menino?" E eu respondo: Será que esse casal não tem mães? Irmãs? Tias? Amigas? E qualquer outra figura feminina? Em primeiro lugar ele deve ter tratado com a verdade. Explicar sim o que está ocorrendo, a razão de ele ter dois pais, a razão dele ter pais diferentes dos outros garotos do colégio. Assim como ter que ser tratado com verdade, tem que receber todo auxílio no caso dele ser tratado com diferença na escola ou na sociedade. Pois como já disse antes, somos um país racista e homofóbico. Virão piadas, chacotas e muitas outras coisas. Mas, no caso da escola, o dever é mostrar que essa é uma nova realidade e que não tem nada de diferente, nada de monstruoso. O dever da escola seria criar cidadãos e retirar da mente das crianças esse nódulo maligno do preconceito. Mas bem sei que nem as escolas tem condições para dar o mínimo necessário para seus alunos. Nesse ponto entra o auxílio da família e de especialistas como psiquiatras ou psicólogos. Assim como os professores que citei acima. 

Será mesmo que as pessoas preferem uma criança nas ruas passando por dificuldades, muitas vezes entrando no mundo das drogas e da bandidagem do que ser adotada por um casal gay? 
Será mesmo que as pessoas são tão ruins a esse ponto? 

Imagina essa criança na rua tornando-se bandido, e em um ato de desespero no meio de um assalto acaba por matar um ente da sua família? Quem vai ser culpado? O sistema? O governo? Deus e deuses? 

Acho que precisamos pensar com mais racionalidade. Precisamos pensar no bem comum. Podemos não gostar de algumas coisas, podemos ser contra outras. Mas se for benéfico para uma grande parte da sociedade, se for bom para algumas crianças que terão uma casa e um futuro. Acho que podemos deixar nossos pensamentos arcaicos um pouco de lado e pensar no bem comum. De nada adianta falar mal do país se ele é apenas o reflexo de nós.



Matéria completa do Estadão aqui.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Não sei ao certo se é pura ignorância ou apenas o fato de instaurar o medo em algumas pessoas, mas ultimamente tenho visto muitos "Arautos do Apocalipse" por aqui.

Já não basta todo pavor que o Estado Islâmico trás, mas algumas pessoas tendem a passar informação que estão sendo perseguidas. Alguns veículos de comunicação colocaram em letras garrafais: "Estado Islâmico decapita 21 egípcios cristãos". E as pessoas pegam essa informação e repassam. Eu já tinha visto em outros lugares matérias e vídeos falando que os cristãos estão sendo perseguidos pelo EI. Como saber que todos eles eram realmente cristãos, alguém sabe? Alguém tem essa certeza?

O Estado Islâmico tem sim uma certa raiva dos cristãos (e tem seus motivos), não sei se todos lembram das aulas de história, eu acredito que não. Pois bem, o EI persegue todos que são contra a charia (lei Islâmica), pode ser cristão, protestante, umbandista, ateu, qualquer um que eles julguem que não são dignos e merecem morrer.

Sabe, eu realmente me incomodo com isso. Passam uma impressão de 'importância" que são perseguidos por isso, e que as outras pessoas não tem toda essa "importância". Mas eu ainda fico com a opção de ignorância. Sabemos que as pessoas tendem a absorver tudo que ouvem e veem por ai, ainda mais nos principais canais de notícias e não tem o hábito de pesquisar ou procurar saber maiores detalhes.

Todos nós somos vítimas em potencial, independente de credo, cor, raça ou qualquer outra coisa. De nada passar esse tipo de informação, acredito que não ajudará em nada. E não ajuda também esperar um solução que caia dos céu, ou que venha do céu. As soluções estão por ai, muitos sabem mas não querem assumir. Os registros históricos estão ai, mostram um passado não muito antigo onde situações parecidas ocorreram. Será que querem repetir os mesmos erros ou escrever uma nova história?