segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A Última Partida

Acordei cedo. Normalmente não é assim. Fico na cama até tarde, curtindo uma preguiça. Como é liberado em qualquer Domingo. Mas nesse eu levantei para curtir o dia. Adiantei uns trabalhos da faculdade, nada muito complicado, pelo menos não ficaria acumulado. Li um pouco e meu irmão apareceu pedindo para jogar um pouco de videogame. Enquanto minha mãe preparava o almoço aceitei o desafio e fui jogar umas partidas com ele. Almoço pronto. E como sempre, delicioso. Muita conversa e risadas à mesa. Como habitual, saímos à francesa para não sermos pegos para lavar a louça. Acabei cochilando um pouco no sofá. Fazer digestão, sabe como é. Depois de um banho, coloquei a camisa do meu time. Era dia de jogo. Despedi dos meus pais e meu irmão. Minha mãe, como sempre, dando seus conselhos. Coisas como não comer muita besteira na rua, e não chegar muito tarde. Mesmo eu não tendo que trabalhar no dia seguinte por ser feriado, não era para eu abusar. Claro que concordei com tudo. Abri a carteira, conferi o dinheiro e o ingresso e saí para encontrar uns amigos para irmos juntos ao jogo. O estádio não era longe, então íamos andando mesmo. Não fazíamos sempre, já que nem sempre temos dinheiro sobrando, então escolhíamos alguns jogos, guardávamos um dinheiro e combinávamos. Na maioria eram os clássicos. É outra energia. Como sempre íamos conversando, contando causos e vantagens, discutindo escalações e quem poderia se destacar na partida. A certa altura eu estava mandando mensagem para minha namorada dizendo que após a partida iria vê-la. Para nãos e preocupar com isso. Como eu estava absorto com o celular, não reparei na movimentação a minha volta. Quando dei por mim só ouvir gritos de “Corre, corre”, “Cuidado!!”, “Sai… sai….!!”, e meus amigos correndo para todos os lados. Quando me virei foi tudo muito rápido. Não tive reação ou ação. Percebi em poucos segundo o que aconteceu. Um grupo da torcida rival nos encurralou. Eles estavam escondidos e ao passarmos correram atrás de nós com paus e pedras. Alguns de meus amigos foram atingidos. Outros foram pegos e receberam socos e pontapés. Tiveram suas camisetas arrancadas e rasgadas. Tudo em pouco segundos. Eu recebi um golpe na cabeça. Era um pedaço de medeira, grande e pesado. Havia uma ponta nessa madeira e ela atravessou meu crânio. Não tive o que fazer. Apenas caí. O sangue jorrava da minha cabeça. Recebi ainda alguns chutes mas não tive forças para nada. Tudo ficou turvo. Perdi a consciência. Me recordo de ter sido socorrido. Mas não tinha o que fazer. Faleci naquele dia. Sem me despedir de quem eu amo. Sem completar meus objetivos. Sem conquistar meus sonhos.