quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Ser criança, aniversários e coisas inúteis

Vamos dar uma animada nisso ae? No, thanks!

Já pensou se conseguíssemos lembrar o momento exato em que deixamos de ser criança? Ou as circunstâncias que fizeram com que houvesse essa mudança? 
Daria para poder analisar o que houve, o que fizemos ou que não fizemos, entre tantas outras coisas. Parece que a criança é um ser especial. Ela não parece ser daqui. A impressão que tenho é que são seres de outra dimensão, e que em determinado momento são trocados por outro ser de outra dimensão. Dimensão essa mais adulta, e consequentemente, mais chata. Muito mais chata. 

As preocupações são chegar em casa antes do desenho começar, ou saber se o amiguinho está em casa para brincar, comer doce após as refeições e essas coisas mais importantes. Se eles gostam de algo, você sabe; se não gostam, você saberá com certeza. É tudo mais fácil e mais simples. As emoções são reais, as falas são sem pensar muito. Há até momentos constrangedores que entram uma intimidade da casa, mas que acaba tudo em risos. É algo completamente diferente. 

Dia desses, minha filha estava falando das datas que ela mais gosta. São eles: seu aniversário, o Natal e a Páscoa. Por incrível coincidência do universo, esses são dias que ganhamos presentes (ou ganhávamos, depende sua idade). E o mais legal é vê-la fazendo planos ou lista do que quer ganhar. E olha que a lista é imensa. O mais perigoso é o Natal, já que Papai Noel também sofre da crise e acaba sendo complicado completar a lista. Lista essa que disse que vou escrever em uma carta destinada ao Noel. (Acho que vou ter que adicionar um PS ao final dessa carta). 

Até quando será que ela ainda terá essas fantasias? Até quando ainda vai achar que um velho aparece do nada em um dia quente, com uma roupa vermelha, igualmente quente, com um saco cheio de presentes para dar? Claro que ela sabe que presentes de aniversários ou outras coisas somos nós que damos, e que há momentos que não podemos comprar e temos que esperar. Mas ela não sabe ainda o valor das coisas, ou melhor, o preço. Então temos que lidar com isso, ter um ótimo jogo de cintura. 


Vai fazer quantos anos? Perae, deixa eu abrir a calculadora.
Mas ouvindo ela dizer sobre essas datas, eu fiquei pensando que não gosto mais desses delas. Há tempos não gosto de Natal e Páscoa, por vários motivos mas não vou enumerá-los aqui. Já o aniversário é algo novo pra mim. Antes eu até esperava ansiosamente, ficava imaginando coisas e mais coisas, acho que exatamente como ela. E hoje em dia não me importo mais. É legal receber presentes? Claro que é. Não serei hipócrita em dizer o contrário. Mas chega certa idade que são poucas pessoas que realmente vão te presentear, e ainda mais poucas que sabem seus gostos e preferências.Depois de adulto, presentear alguém é uma verdadeira epopeia. E olha que minha listá é feita praticamente de quadrinhos, livros, dvds e coisas fáceis. Acredito que por minha data ser próxima a da minha filha eu acabei deixando de lado a minha. Ela tem toda prioridade, sempre. Pode ser que aconteça um jantar, tomar algo em um lugar novo, é só. Já está sensacional. Não há mais aquela ansiedade pela data, não há mais aqueles planejamentos ou desejos. Tornou-se um dia como os demais. 

Será que é nesse exato momento que nos vemos adulto? Quando deixamos pra lá essa ansiedade, vontade e desejo? Quando algumas coisas que eram importantes passam a ser supérfluas? Quando muita coisa deixou de importar para você, e você não vê mais sentido em muitas outras coisas, e até em você mesmo? Somando a isso há aquele sentimento de inutilidade, um sentimento que você não está fazendo nada de útil ou produtivo, nada que faça realmente valer a pena e não há nenhuma previsão que um dia faça? Então, qual motivo para ser reconhecido em determinada data? Hoje, com as redes sociais, enviar um felicitação em um dia especial é algo mais fácil possível. No meu tempo (olha a idade aparecendo) era algo mais complicado. Carta, telegrama, telefone, pessoalmente, pombo-correio (?). Quando chegava algo assim você sabia que era verdadeiro. Hoje em dia dá para desconfiar dessa veracidade. 

Pode parecer algo depressivo para você? Sim, claro. Você pode pensar exatamente o contrário. Conheço pessoas que adoram festas de aniversários, comemoram como se não houvesse amanhã. E digo que as invejo. Mas para mim parece ter perdido um pouco o sentido. Aliás, muita coisa tem perdido sentido ultimamente, e outras já não fazem mais sentido há tempos. Mas essas datas são boas pra reflexões. Podem essas serem úteis, inspiradoras ou simplesmente esquecidas, como aquela criança que fomos um dia. 


Feliz Desaniversário!

Um comentário:

  1. Não espere feliz aniversário de mim... tenho preguiça de olhar o lembrete do Facebook... hahahahahah. O mundo do Peter Pan deveria sempre existir.. ser criança deveria de profissão. Eu ainda carrego comigo as asiedades, e tenho medo do dia que irei perder isso. Ser adulto não é nada divertido.

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