domingo, 26 de junho de 2016

Reflexões sobre papel higiênico - [post aleatório da semana]

Encontrei um local onde vende sessenta e quatro rolos de papel higiênico por R$ 22,00. 

Você encontra facilmente em qualquer mercado, pacotes com oito, doze, dezesseis pacotes por esse mesmo valor. 

Daí você pode me falar: "Mas Renato, esses rolos tem folhas duplas macias, perfume de rosas ou lavanda, até camomila. Há os que tem óleo de amêndoas e outras coisas!"
E você pode completar: "Esse papel ai, deve ser horrível, péssima qualidade por esse valor."

Entendo. 

Mas eu não vou sair por ai oferecendo minha bunda para que os outros sintam seu perfume. Não vou querer peidar perfume de rosas ou de lavanda. Não faz-se necessário passar óleo de amêndoas ou coisa parecida para deixar minha bunda macia(utilizo-a para os fins básicos). Além do fato de que esses papeis com folhas duplas, triplas ou quádruplas são muito ruins. Na maioria são lisos e ficam escorregando na hora do uso. Ainda mais depois daquela bela cagada antes de dormir ou logo ao acordar. E quando você está na casa de alguém ou em um restaurante? Com certeza você sabe qual cagada me refiro. 

Aquela que você sai mais leve e satisfeito. 

E o que normalmente acontece com esses papéis macios de folhas duplas, triplas e quádruplas? Eles escorregam. E o que era para ser algo prazeroso vira um inferno. É um lambuzamento fora do controle, e quanto mais você quer arrumar é pior. E você usa mais e mais papel, até que o rolo acabe e você precise de outro. E reze (ou faça o que achar melhor) para que tenha outro disponível. E se não tiver? Ah meu caro, você se ferrou. Se vira nos 30, 60 ou 90. Se estiver em casa, nada melhor que um banho. Mas se estiver atrasado? Ferrou. E se estiver na casa de alguém? Ferrou ao quadrado. Se estiver em um restaurante? Ai, meu caro, fodeu de vez. 

Nesses momentos eu fico pensando que as pessoas esqueceram que as coisas precisam ser objetivas. Ser funcionais. Resolver o problema para que foi criado. E nada melhor que um papel que vem em um pacote com outros sessenta e três por R$22,00. 

Ele é bonito? Não.
Ele é cheiroso? Não.
Ele é caro? Não. 
Ele vem com óleo de alguma coisa? Não.
Mas resolve? Sim.

Precisamos parar de enfeitar as coisas. Tudo é "goumertizado". Pode até resolver, mas por um preço maior e nem sempre de uma maneira tão eficiente assim. Até a vida está assim. É uma complicação sem tamanho, enfeites e mais enfeites, é perfume de lavanda pra lá, e folha dupla pra cá na hora de resolver algo. Podemos fazer o básico, resolver sem firulas. Deixe as firulas para outras situações. 

No mais, seja um papel do pacote de sessenta e quatro. Não tem frescuras, e resolve. Além de ser bem mais barato.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Crônicas da Vida

Diário de Bordo #14110

Hoje precisei ir à uma agência bancária. 
Apesar de toda tecnologia atual, ainda precisamos ir até uma agência para resolver algumas coisas.
Escolhi ir à agência da cidade ao lado, por ser mais rápido do que ao centro da minha cidade. 
O problema dessa agência é não ter onde parar, e como repintaram a via, não é mais possível estacionar na mesma mão da agência.
Existem apenas duas vagas: uma para deficiente e outra para idosos.
Do outro lado da rua há vagas.
O problema é encontrar uma vaga, vaga. 
Passei umas três vezes em frente à agência e nada. 
Na última passagem desisti e parei numa área de estacionamento na quadra ao lado. 
E lá fui eu, andando no estilo "ponto e vírgula" por conta desse raio de ciático que teima em doer. 
Quando chego à agência vejo um carro estacionando na vaga de idoso.
Sem problemas.
O problema foi quando as pessoas saíram do carro.
Um jovem e belo casal (ok, a moça era mais bela que o marmanjo) saia dele.
Sem a menor preocupação, como se fosse a coisa mais normal do mundo e aos olhos de uma funcionária do banco que abria a cortina. 
Mas ninguém falou nada ao casal, nem mesmo eu, e entendo o motivo.
Não sabemos com quem estamos falando, não sabemos como a pessoa está, e nem como ela irá reagir. 
Hoje briga-se e mata-se por pouco, então é completamente compreensível ignorarmos essas ações. 
Houve um dia em que eu estava em um supermercado, esperando vaga, e uma pessoa com a esperteza bem maior que a minha, entrou pelo lado contrário, cortando a fila, e pegou uma vaga que acabara de liberar.
Nesse dia eu fui até a pessoa e reclamei que não era certo, fui xingado e ouvi a famosa frase: "O problema não é seu!". 
Realmente o problema não é meu.
É nosso.
É de toda uma sociedade que se anula diante essas situações, por medo, e sofre com as consequências. 
Voltando ao banco.
Há uma área delimitada, reservada para um tipo de pessoa, e outra pessoa que não encaixa nesse tipo não deveria usá-la. 
É proibido? 
Acredito que não. 
Não acarretará em prisão, quiça uma multa.
Mas e a consciência e o respeito?
Imagine sua empresa.
Há uma vaga bem próximo à porta da entrada onde existe uma placa escrita: "Reservada ao Presidente".
Você, em sã consciência, irá estacionar nessa vaga?
Creio que não.
Seja por respeito ao presidente.
Ou seja por medo de perder seu emprego.
Mas, em qual momento da nossa "evolução", nós deixamos de nos importar e respeitar os outros pelo simples fato de ser o correto a fazer e não por medo?
Indaguei-me silenciosamente se esse casal possui filhos.
Claro que pais eles possuem, pelo menos a lógica é essa mesmo em um mundo onde a lógica foi colocada de lado. 
Mas se eles possuem filhos, será que eles fazem isso na presença deles? 
Não demonstram qualquer respeito com as leis ou com as pessoas? 
E, eles possuindo filhos, como serão essas crianças no futuro?
Claro que são divagações, perguntas que nunca terei resposta.
Mas esse é o resumo de nossa sociedade, e parece que a esperança nos mais novos vai dissipando-se como a névoa da manhã.
Mas um dia esse casal terá mais idade, e ao precisar de uma vaga dessa, algum casal bem mais novo vai estar ocupando-a. 
E nesse momento eles passarão de culpados para vítima. 
Pois, assim é a vida.
Cíclica.