segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Medos

Eu tenho medos. Muitos. Guardo tantos para mim. 
Alguns me travam, não me deixam seguir, ou pelo menos tentar começar. 
É algo muito chato sim, eles me dominam como uma criança nas mãos de um pai abusivo. 
Um escravo que teme o seu senhor.
Alguns dizem ser bobeira, frescura, coisa de quem não tem o que fazer. E me apresentam uma solução tão fácil que se torna complicada no meio dessa crise que o país está passando. Mas tudo bem. Eu os entendo. Não dá para saber algo que não sentimos, não é? E invejo-os por isso. Ah, tenha certeza. Por isso prefiro me esquivar e deixá-los aqui mesmo, bem guardados. 
Mas, dentre tantos, um deles em especial. O de ficar idoso. Verdade. Você deve estar rindo nesse momento, eu sei como é. Mas, pense comigo. O que acontece quando nos tornamos idosos? Pensou? Normalmente damos trabalho, não é mesmo? Acredito que você concordou. 
Existem aqueles que se mantém ativos, e eu acho fantástico. Mas há outros que, infelizmente, não são tão ativos assim e por conta de vários fatores merecem cuidados. 
Assisti a um filme chamado Memórias Secretas (pode ler minha impressão dele aqui), onde o protagonista, Zev, tem a missão de encontrar uma pessoa do passado mas ele possui demência e esquece de algumas coisas. Eu tenho medo disso.
No ótimo filme Para Sempre Alice, Alice sofre de Alzheimer, e isso também me assusta. E me dá medo. 
E nós sabemos bem como são os familiares nesses momentos. Há casos e casos de idosos que são levados para "casas de repouso" e deixado lá por anos, até chegar o dia derradeiro. Ou, um filho ou algum outro parente tem que se desdobrar para cuidar dele. Eu não quero isso. Se tem algo que eu não gosto é incomodar, é pedir algo, ou ajuda. 
Tenho apenas uma filha, e não quero que ela fique preocupada comigo, saindo do trabalho ou desmarcando compromissos para levar-me aqui ou ali. Com certeza ela terá uma vida para cuidar, um objetivo para cumprir e ser alguém grande nesse mundo e não seguir exemplos próximos. 
Apesar da ciência ter avançado muito, não temos como saber se essa área estará tão evoluída assim. Não há mais nada a ser feito para aumentar a expectativa de vida, já aumentamos muito. 
Chega e ser tristemente engraçado como não pensamos nisso quando somos mais novos. Mas em determinada idade esse é um pensamento recorrente. Como será? O que faremos? ou O que será feito de nós? 
Pelo menos uma vez você já deve ter pensado nisso. Deve ter criticado alguma família por esse motivo, ou até mesmo algum idoso por "dar trabalho". Confesse, não há problema. Todos já fizeram pelo menos uma vez. 
Mas traçar planos é algo que nunca aprendi a fazer, então não faço ideia do que possa acontecer. 
Só quero que esse seja um dos meus menores medos e que eu não venha a dar trabalho. 
Acho que podemos adicionar esse medo na lista, o medo de ter medo de dar trabalho. 

Um comentário:

  1. Salvei esse texto ou esse texto me salvou?
    Muito lindo, cara. Essas reflexões estão presentes na minha vida, beirando meus 18 anos...
    Como será que vai ser minha velhice? Será que vou ter boa saúde? Ou pior; será que vou viver até lá?
    O pior é que tenho esses devaneios mas inconscientemente continuo não me preocupando muito. Mas é a vida...

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