terça-feira, 18 de agosto de 2015

Papo de Leigo - A escalada da violência.

Mais uma pessoa morta de forma covarde e imbecil.

Mariana Dos Santos Silva trabalhava como Fiscal de Caixa em um mercado dentro da Ceasa, no Rio de Janeiro. No dia 17/08 foi até uma agência bancária localizada ali mesmo na Ceasa para fazer um depósito. O valor do depósito era por volta de 100 mil reais. Ela foi ao banco no carro da empresa, um Fusca. Junto com ela um segurança, desarmado. 

Como mostram as imagens da câmera de segurança do local, nesse link, Mariana sai do Fusca e vai em direção ao banco. Nesse momento ela é rendida e tem a bolsa furtada. Seguranças do local ao verem a movimentação atiram contra os bandidos, esses revidam e um tiro de fuzil acerta Mariana que cambaleia por alguns metros e cai, vindo a falecer no local. Os seguranças ao perceberem que os bandidos são em maior número e correm. Os bandidos fogem em dois carros com o dinheiro. O segurança que acompanhava Mariana também é atingido e também vem a falecer. Outro segurança do local é atingido mas não corre risco de morte. 

Em entrevista à Rádio CBN a irmã de Mariana relata, pode ser ouvido nesse link, que havia uma escala para esses depósitos, e que não era a primeira vez da irmã dela nem do segurança. Mas não vamos entrar no mérito da questão de como esse dinheiro era levado ao banco, a irmã da vítima aborda isso em sua entrevista. Ouça e tire suas conclusões. 

É claro e notório a escalada da violência em nosso país. Mesmo sendo apresentados dados que a violência tem diminuído, não é isso que aparenta. Nessa mesma semana ocorreu uma chacina em Osasco e Barueri com cerca de vinte mortos. Matérias de tevê mostram os armamentos dos bandidos cada vez mais pesados, principalmente no estado do Rio de Janeiro o número de fuzis é impressionante. Até armas de calibre .50, capaz de derrubar aeronaves e perfurar concreto foram encontradas. Essas armas são usadas em tentativas de assalto à carros fortes em rodovias. 

Temos a Lei do Desarmamento onde nós temos que nos desarmar. Não temos o direito de nos defender ou defender nossa família. Mas os bandidos estão cada vez mais armados. Desde aprovação da lei algum bandido foi à uma delegacia entregar um fuzil ou uma .50? Eu não me recordo de tal fato. Agora estão querendo mudar a lei para que alguns crimes sejam hediondos. Crime é crime. Claro que uma pessoa que rouba um pote de manteiga no mercado não pode ser comparada a um assassino de porta de banco. Os crimes são diferentes, as penas são diferentes. Para um crime brando uma pena branda, assim como uma pena pesado para um crime pesado. Mas a pena precisa ser cumprida. A justiça precisa funcionar. E é mais importante ter onde colocar esses criminosos condenados. 

Benefícios como a Saída de Dia dos Pais, Mães ou Natal precisam ser extirpados. Bandidos aproveitam disso para cometerem mais crimes. Os dados mostram que nessas épocas o número de crimes aumenta drasticamente. É preciso mostrar um sistema forte e que funcione. É preciso um local que ofereça atividades aos presos. De nada adianta confiná-los em um local sem nada a fazer. É necessário com que eles trabalhem para seu sustento e sustento do presídio. Dar oportunidade para aqueles que realmente assumiram que erraram e estão dispostos a apagar esse passado. 

Nas manifestações que ocorreram por todo o país não vi nada relacionado a isso. Nenhuma placa, cartaz ou faixa. Violência e educação são deixadas de lado. Não vejo manifestação em favor a Reforma do Código Penal, pedindo construção de novos presídios ou a melhoria dos que já existem, não pedem melhoria das escolas, entre outras coisas. É um enorme círculo. Uma boa educação tende a diminuir o número de criminosos no futuro. Claro que não há como acabar com os crimes, mas a quantidade pode diminuir. E aliado a isso precisamos de uma força policial bem armada, bem treinada  e séria. Onde as frutas podres sejam retiradas do resto da fruteira. 

É muito bonito tirar foto com policiais nas manifestações, mas é só ser parado por um para esbravejarem contra eles. Parece que todo mal do país se concentra em apenas uma pessoa e apenas um partido. E esses sendo retirados tudo ficará as mil maravilhas esquecendo ou ignorando quem realmente faz e votam as leis. Político não merecia salário. No máximo uma ajuda de custo. Uma grande percentagem dos políticos tem outras profissões. E na sua maioria são empresários bem sucedidos. Será mesmo que eles estão se importando se a dona Maria precisa acordar às 5h da manhã e pegar três conduções para trabalhar e deixar seu filhos com a vizinha pois não há creche em seu bairro? Se uma pessoa resolve seguir o caminho da política ela tem que fazer por querer ajudar a sociedade, e não para ter estabilidade e ótimos salários - sem contar as premiações e outras verbas (melhor nem citar a corrupção).


Mas se você chegou até esse ponto no texto, saiba que tudo isso não passa de ficção. O que não é ficção é o falecimento da Mariana, a tristeza de sua família. Assim como o falecimento do segurança e a tristeza de sua família. Mas eles não são os únicos personagens dessa história. Há muitos por ai. Todos os dias. Não sabemos seus nomes, mas sabemos sempre como vai terminar. Com alguém morto. Com filhos sem pais. Sem uma visão positiva do futuro. Enquanto muitos estão mais preocupados em discutir qual partido rouba mais. Ou qual nova obra pode ser superfaturada. 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Sobre o fim da Cultura

Está sendo amplamente compartilhado nas redes sociais um apelo de ex-apresentadores da TV Cultura sobre seu possível encerramento e solicitando nossa ajuda para que isso não aconteça.

Não serei hipócrita ou mentiroso ao ponto de dizer que só vejo a TV Cultura, e repudiar os outros canais. Não, não farei isso. Por pior que seja, sempre há algo bom em algum canal. Vai de nós escolher o que ver e saber se aquilo é bom ou não, relevante ou não para mim.

Pois bem. Eu vi esse vídeo sobre a TV Cultura, e me lembrei de alguns bons programas do canal que eu não entendo o motivo de não serem populares. Fiz a pré-escola em uma escolinha chamada “Peter Pan”, sério. E um belo dia fomos ao programa Bambalalão. Sim, eu fui ao Bambalalão e desci aquele escorrega, isso é uma das poucas coisas que me lembro bem de quando era criança. Uma pena que não havia smartphone, câmera digital ou coisas do tipo, no máximo um gravador VHS que algumas pessoas possuíam. Mas está na memória, isso que importa.

Eu assistia a muitos programas da Cultura. Como não citar Anos Incríveis, O Mundo da Lua, Doug, Confissões de Adolescente (sim, eu gostava), vi muito Glub-Glub (senta que lá vem a história!), adorava as histórias contadas com bonecos, era sensacional. Como não citar O Mundo de Beakman (cara, esse era top), X-Tudo, Rá-Tim-Bum, Castelo Rá-Tim-Bum e por ai vai. Eu lembro que assistia com meus pais ao programa Quem Sabe Sabe, e ficava respondendo as questões. Era muito legal. Havia um programa também, que agora me fugiu o nome, que era de perguntas, havia um cenário egípcio, tinha que entrar em um sarcófago e coisas assim. Tinha que passar um caminho e não podia pisar em partes erradas para não afundar (meio Indiana Jones). Esse eu também gostava.

Já peguei-me assistindo sozinho em casa o Quintal da Cultura aos sábados pela manhã. Havia também o Bem Brasil (que um dia eu fui, esse tenho registro). Qual programa bom hoje em dia é nesse mesmo formato? Cite um. Quantos filme do Mazzaropi eu não vi, alguns com meu pai. Metrópolis, Ensaio, Provocações, Roda Viva, Sr. Brasil eu acho muito bom, Jornal da Cultura acho um dos melhores telejornais. Gostava de Pé na Rua, tinha também o Musikaos, nossa vou ficar aqui citando vários.

No ano de 2014, a TV Cultura foi eleita a segunda melhor emissora do mundo em qualidade de programação pela BBC; a rede Globo ficou em 28º; em 32º lugar ficou a TV Brasil; a Bandeirantes ocupou o 35º; Rede Record em 39º, seguido pelo SBT em 40º. RedeTV nem entrou na lista. E eu fico aqui pensando como uma emissora assim está quase fechando. Realmente é complicado de entender. A audiência é mínima, e sabemos que se não tem audiência, não tem patrocínio, e sem patrocínio, sem dinheiro. O governo, principalmente o estadual, poderia ajudar. Mas acredito que eles tenham assuntos mais importantes para tratar.


Quando você tem uma emissora de TV com o nome de Cultura, com uma programação voltada para a cultura, e vê essa emissora à beira do abismo, em tempos de ser encerrada, não tem como não fazer uma relação direta com a situação do país. Como nosso país trata a cultura. Muito fala-se, muito mostra-se, mas na maioria é “coisa para inglês ver”. Poucas são as escolas que possuem currículo cultural forte. Poucas empresas patrocinam e apoiam eventos culturais. Nota-se pelo que podemos ver em sites como o Catarse, onde nós ajudamos nos projetos. E há desde quadrinhos, passando por livros, peças teatrais e outros. Particularmente eu não vejo uma salvação para a TV Cultura, pelo menos não a curto prazo. O que é uma pena. E o país fica cada dia mais pobre culturalmente. Quem quiser que corra atrás.