quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O que você é?

Tem uma frase muito foda que ouvimos quando somos mais novos: 

"O que você vai ser quando crescer?"


Essa frase é de matar. Acho que consegue ser pior que "E as 'namorada'?". Sério mesmo. 


Porra, como saber? Como responder uma frase como essa? Acho que a maneira mais legal é:


"Então, estou pensando em algo como engenheiro, ou talvez arquiteto, mas psicólogo não é tão mal, ou algo como jornalismo... Humm, mas pensando melhor, acho que vou ser presidente da república!"


Pronto, tá ai, várias opções. Não tem erro. 


Mas a coisa não é bem por ai, isso é mais complicado do que parece. E o resultado final é simples: uma merda. Sim, muitas vezes tudo se resume a nada. Um vácuo. Uma folha em branco na mesa do escritor. 


A educação aqui é horrível, salvo alguns casos raros. Mas os alunos saem sem base, muitos saem sem saber porra alguma. Se tinha alguma ideia, se tinha algum sonho, muitas vezes isso cai por terra. Sem contar com a falta de apoio, muitas fezes da família, que não acreditam ou simplesmente não incentivam a pessoa. Simplesmente chegam para ele e dizem: "Está na hora de você trabalhar!". 


"Oi? Coméqueé??? Onde? Como? Quando?"


"A pessoa fica pasma, branca, transparente."


"O que fazer? "


"O que eu sei fazer? "


Fazer um curriculum e sair por ai, entregando de agência e agência, muitas vezes sabendo que ele irá para o lixo, já que não possui experiência alguma. 


Seria tão bom, tão legal ter uma certeza, ter um objetivo. Saber o que buscar. Tornam as coisas tão mais fáceis. Conseguir fazer parte de algo, ser importante e reconhecido. Mas a realidade não é bem assim. Cada vez mais temos pessoas fazendo qualquer coisa pelo simples fato de TER que fazer, de não poder ficar parado. Claro que isso faz sentido, mas temos um aumento na quantidade de pessoas frustradas, estressadas e de mal com a vida. Muitas vezes o trabalho não é bem executado. Já que não há interesse ou prazer algum nisso. 


Quando se é novo ainda tem como encontrar um caminho. Com uma ajuda e assistência de pessoas QUE ESTÃO LÁ PARA ISSO, essa pessoa tem grande chances de ser bem sucedida. Mas de depois de certa idade? E quando a pessoa já passou da idade? Esquece. Tem que ser o famoso 'é o que tem pra hoje'. Não tem muito o que fazer.


Existem algumas pessoas chaves na vida das pessoas. E elas não percebem, que, o que fazem ou falam podem influenciar no futuro de uma pessoa. O pior é quando mesmo já no presente essas pessoas chaves ainda não percebem isso, e simplesmente ignoram os aspectos positivos de uma pessoa e observa e cita apenas os negativos. Seria bom se fosse a famosa 'crítica construtiva', onde essa pessoa possa usar aquilo para se fortalecer. Mas não funciona assim. Novamente.


Triste deve ser chegar em um lugar e se sentir deslocado, completamente fora do espaço tempo. Pior é não ter a mínima ideia do que fazer, não saber para onde ir, qual caminho seguir. A pessoa se sente inútil, completamente fora de contexto, parece que tudo ao seu redor anda em ordem, menos ela.  Suas opiniões são julgadas sem sentido, e seus ideais e ideologias são algo utópico. Muitas vezes ela é aconselhada a deixar tudo de lado e pensar como a grande massa. Fazer parte do que já existe. Sem questionar, sem querer saber. Isso não importa. Isso não é válido. É quando ela se sente aquela mancha na pintura, o ranger do freio do carro que não foi trocado, aquela gordura na roupa. Algo que não deveria estar ali. Algo nocivo. Ela se sente uma pessoa nociva. 


Ela pode até ter algumas habilidades, mas estão escondidas que ela nem lembra mais que existe, e acaba tendo que ficar pulando de galho em galho, aprendendo algo aqui e algo ali. E no final não tem a mínima ideia do que fazer com tudo isso. Não tem a capacidade de escolher, de decidir algo sem pensar o que vão dizer, o que vão pensar, não tem a capacidade de sair sozinho, sente medo absurdo de errar, medo absurdo de dar tudo errado. E, normalmente, é o que vai acontecer. Em quase 100% dos casos. E o que ela mais quer é se fechar em uma caverna em uma bolha, em um casulo. Ainda que casulo é algo positivo se pensarmos na borboleta, mas ela não quer ter contatos, não quer ser influenciado. Apenas ficar lá. Nada mais. Com seus pensamentos e vozes. Aquelas vozes que ela cisma em não ouvir, já que ela aprendeu assim. Quem ouve vozes é louco. Insano.

Mas o que é mais válido, ser um louco entre os normais ou apenas MAIS UM normal no meio de tantos normais?