sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Ensaio Sobre a Cegueira



Apenas uma opinião despretensiosa, sem conhecimento técnico, claramente inútil, mas que eu gosto de fazer. 




Estou aqui com uma caneca de café e pensando em que eu vou escrever sobre esse filme. Confesso que adiei várias vezes assistir a esse filme, por vários motivos. Mas, hoje com o advento da tecnologia temos o sensacional Netflix. Sim, eu exalto essa ferramenta incrível que fora criada. Mas tudo bem. Já aviso que não li o livro, e reforçando o pedido do que fiz no Facebook, quem quiser me presentar com um exemplar, eu agradeço. ;) Então a minha opinião é sobre, e apenas, o filme.  

Antes de mais nada vou fazer um adendo sobre algo que sempre me deixou curioso.
Eu lembro de um rapaz que trabalhava na mesma empresa que eu trabalhava, ele é deficiente visual, provavelmente na sua totalidade. Mas todo dia pegava o fretado. E todo dia eu me perguntava como. Ele ficava no ponto esperando o ônibus chegar, e antes de ele parar, o rapaz já sabia que era e se posicionava. Eu achava incrível. Já o vi várias vezes andando pela cidade. E quem não tem essa deficiência não faz ideia do que pode ser. Já tentou fechar seus olhos e fazer coisas corriqueiras? Já foi ao banheiro de olhos fechados? Andar pela casa? É realmente incrível o que eles fazem.  Isso é apenas para ilustrar que o ser humano pode adaptar-se às mais adversas situações.

Tenso. Apreensivo. Revoltante. Acho que posso usar essas palavras para descrever o filme.
Em uma cidade, que eu não faço ideia de qual seja, as pessoas começam a perder a visão. Mas não é uma cegueira normal. É uma cegueira branca, as pessoas sentem como se estivessem mergulhadas no leite, como diz um dos personagens. A situação começa aos poucos e vai tomando proporções inimagináveis. A cada hora mais e mais pessoas ficam cegas. Do nada, sem motivo aparente. Até cogita-se uma forma de contágio, mas parece que isso vai por terra. Os infectados são enviados para uma quarentena, e lá são deixados. Esquecidos. E acabam tendo que viver de uma forma sub-humana. Nessas condições podemos ver claramente o bem e mal das pessoas. O que elas podem fazer quando acham que detém algum tipo de poder ou privilégio, e que qualquer tipo de sociedade, por menor que seja, precisa sim de regras e líderes capazes. A situação só piora e com o passar do tempo mais e mais pessoas chegam.  A revolta citada acima, me deu pelo fato de eles terem sido esquecidos sem ao menos um retorno, um feedback sobre o que estava sendo feito para encontrar uma cura. Vemos o controle feito por agentes do exército totalmente despreparados com medo de que as pessoas se aproximem e então acabam ameaçando sob a mira de um fuzil. A condição de vida das pessoas é terrível. 

Acima disse que não sei qual cidade se passa o filme, e isso me incomodou um pouco. Sabia que o filme foi filmado algumas partes em São Paulo. Já que temos como diretor o brasileiro Fernando Meirelles. Mas ao decorrer do filme via paisagens conhecidas da cidade de São Paulo, os carros com placas brasileiras mas sem o nome do município soava um pouco estranho. É quando aparece um táxi com características estrangeiras, parecia um pouco com os que já vi (pela tevê) com os da Venezuela, ou outros países latinos. A polícia usava uniformes estranhos e nos carros havia escrito “Police”. Várias placas apareciam em bom português e depois apareciam em bom inglês, como as de PARE e STOP. Aliado isso ao fato de os personagens não terem nomes. Não é dito nomes, apenas, em alguns casos, suas profissões, seus rótulos. Isso me incomodou um pouco.
Mas o filme mostra uma situação que não está muito longe de acontecer. Temos agora o vírus Ebola nos ameaçando. A cidade em questão acaba se tornando uma cidade fantasma, como cegos vagando e procurando comida. Pessoas sujas, andando pelas ruas tropeçando nas coisas e em outras pessoas, até mesmo em pessoas já mortas. As brigas são constantes, já que qualquer tipo de alimento é bem vindo. E nessa hora não há muita educação ou prioridade. Quem pegar, pegou, mesmo que esteja na mão de outra pessoa. 

Julianne Moore está sensacional. A personagem dela é carrega um peso muito grande. São decisões difíceis a serem tomadas. São situações que em condições normais qualquer pessoa entraria em parafuso, e nessas condições extremas ela aguentou fortemente.
É um filme que pode não agradar à muitos. Trás à tona alguns assuntos da nossa sociedade, algumas coisas que queremos jogar para baixo do tapete. Mas nesse filme fica bem claro. Nós temos o poder de escolher, só devemos escolher o lado certo.  Mas ai vem a pergunta: Qual é o lado certo? Isso depende da situação. E é isso que temos nesse filme.
Se você gosta de ficar pensando sobre alguns assuntos, se gosta de imaginar como seria nossa sociedade em determinadas situações, eu aconselho que veja. Mas, se você gosta de algo mais agitado, com fortes cenas de brigas e explosões. Digo que você procure outro filme.

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