quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

E lá se foram as rodinhas...

Até semana passada a Pequena andava em sua bicicleta com apenas uma rodinha de apoio. Mesmo ela pedindo para tirar a segunda, eu achava que não era hora. Ao meu ver ela ainda não estava 100% segura para que eu tirasse o apoio. Mas, nessa semana, ela veio me pedir para tirar, já que ela estava andando na bicicleta da amiga que não tem apoios. Eu atendi seu pedido, ainda com certo receio.


Apesar de eu não seu um pai desesperado (ou pelo menos não demonstrar para ela), eu fico preocupado que ela possa cair e se machucar. Apesar que cada dia ela tem um machucado novo na perna e há momentos que chega a ser engraçado ela querer se produzir, se pintar, se arrumar e as canelas todas machucadas, mas eu não falo nada. Deixa assim.


Retirei a última rodinha de apoio e falei para ela "Tome cuidado!". E lá foi ela com sua bicicleta rosa, claro que fui atrás dar uma olhada. E não é que ela sabia mesmo? Claro que dava uma balançada na saída e a chegada sempre me deixa apreensivo. Eu lembro daquele Pelicano do desenho do Pica-Pau (ou era do Picolino?). Mas até o momento foi tudo bem. Fiquei contente por ela ter conseguido, e ela também estava, pois me disse que "É muito legal andar sem rodinha!".

Hoje, estava eu no meu quarto/escritório/reino quando a ouço chamar lá fora. Abri a janela e lá ia ela com a bicicletinha novamente gritando pra mim: "Pai! Se precisar de mim tô aqui fora!". Claro que falei um "Beleza, cuidado!" e fiquei olhando ela montar e sair. Visto do alto é uma visão diferente, um ângulo que normalmente não apreciamos. Ela na sua bicicletinha naquela imensa rua foi estranho de ver. Mas ao mesmo tempo tão reconfortante e libertador. Libertador saber que ela se livrou dos seus primeiros apoios. Ah! E engana-se você, amigo(a) que está lendo isso, se pensa que eu ficava em cima dela segurando a bicicleta para que aprendesse a andar sem os apoios. Não! Eu ensinei a andar, e quando percebi que já sabia ir sozinha ficava ao longe. O mesmo fiz com os apoios, retirei o primeiro e fiquei olhando. Nada de correr atrás (uma que o físico não ajuda) ou segurar a bicicleta. Não. Ela vai cair muito nessa vida. E eu nem sempre estarei lá para ajudá-la. Me resta ensinar a levantar, sem precisar de apoios, muletas ou terceiros.

A nossa regra quando cair é: saiu sangue? Por acaso aparece o osso? Não? Então tá tudo bem, vai lá! Pode parecer estranho, não é? Mas não é. Faço isso quando vejo que não nada grave e para que todo o drama acabe. Mas criança é um bicho ruim, não é? Apenas um dia depois que retirei a última rodinha ela me fala que já sabe "empinar" a bicicleta quando sobre na calçada. Mas não é muito abuso???? Claro que falei meio ríspido e depois dei uma risada escondido. Criança é tudo igual.

Vendo-a lá embaixo na rua, toda segura de si com aquela bicicleta, fiquei pensando por quais motivos não poderia ser assim tão fácil depois que nos tornamos adultos. O que diabos aconteceu nesse caminho que perdemos toda essa segurança - e quem sabe -, e todo esse sentimento de "sem noção do perigo" que as crianças tem? E recolocamos as rodinhas???? 

Elas não ligam.
Elas parecem não ter medo.
Se divertem com tudo.
Vão pra cima e depois veem o que acontece.
Quando perdemos tudo isso?

Hoje em dia somos um bando de bundas-moles que tem medo de tudo e de todos. Pensamos várias e várias vezes em algo antes de fazer, colocarmos os prós e contras na ponta do lápis, fazemos estatísticas e gráficos, ignoramos nossos sentimentos e desejos, e para que? Para nada. Já que na maioria das vezes não decidimos nada, não podemos escolher muitas coisas nem ao mesmo nos divertir. Nosso tempo é escasso e o dinheiro mais escasso ainda. Ah! Se houvesse test-drive de vida! Eu aposto meus "dé reaus" como muita gente deixaria para lá e viraria as costas. Por isso que acredito que Gonzaguinha (brilhantemente) conseguiu decifrar um dos "grandes mistérios", o segredo da vida.

O Que É, O Que É?

Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita

Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz

Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita

Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz

Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita

E a vida
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!

E a vida
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão

Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo

Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor

Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte

E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita

Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz

Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita


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