quarta-feira, 24 de maio de 2017

A culpa é somente dos políticos?

Claro que não é legal começar um texto assim. Logo no título uma pergunta. Mas, hoje em dia eu nem sei mais o que é legal ou não. Está tudo tão confuso que fica muito difícil saber o certo ou errado. Apesar que….. Dá para saber bem sim… Pelo menos nós, ditos racionais, teríamos que saber. Não é mesmo? (olha outra pergunta ai).

Pois bem, a pergunta acima não é tão complicada assim tendo em vista tudo que estamos acompanhando nos telejornais, jornais, revistas, internet e outros meios. Mesmo que eu não esteja mais tão interessado assim por tevê. É sério. Fui saber sobre Temer, Aécio, JBS e quadrilha via Facebook e Twitter. Quando vi minha timeline invadida por isso tive que perguntar “O que diabos tá pegando??”. Prontamente um amigo me mandou o vídeo do Plantão do Jornal Nacional, daí eu fiquei por dentro dos acontecimentos.


Mas, caro leitor, nós já sabíamos de tudo isso, não é mesmo? Pode ser sincero comigo. Aqui não tem problema. Eu sei, você sabe, nós sabemos. Mas não temos como provar. E esse é o problema: A Prova. Para que algo avance, é necessário provas cabais (às vezes nem assim). Achismos e talvezes não resolvem nada. Nada mesmo. Você pode achar que sua vizinha do 302 sai com o cara do 408, mas sem provas, você só acha. Certo?

Mas vamos lá, ultimamente somos bombardeados pelos mesmos assuntos: corrupção, dinheiro, sítio, carne, lava-jato, entre outros relacionados… E como diria minha mãe: “Você sabe em que pé estamos?”. Você sabe? Eu não sei. Prende fulano aqui, ciclano ali, deixa beltrana em casa e assim seguindo nossas vidas preocupados como fato do governo não ter dinheiro para nossa aposentadoria, aquela, que nós mesmos sustentamos nós próprios. Ficou estranha essa frase? Pois é. É estranho mesmo. Acostume-se (mas não deveria). 

Mas a culpa de tudo isso é dos caras engravatados do Congresso? Olha, amigo ou amiga que me lê - e agradeço por isso. Em partes sim, mas tem aquela máxima: quem os coloca lá? Heim? Eles não aparecem lá devido a uma invocação de Harry Potter nem saíram da Terra 2 diretamente para cá. Nós os colocamos lá. Isso é fato. E mesmo com tudo que aparece, anos após ano, eles continuam lá. E por qual motivo? Pelo simples fato de não estarmos nem aí. Ou melhor! Estamos sim… mas estamos quando não nos beneficia. É duro né? Mas é verdade. Vejamos pequenos exemplos simples e idiotas? Então vamos, e me diga se não é algo cultural, genético, impregnado na pele que não sei nem com banho de telha. 



Todos os dias levo minha filha à escola. A rua onde a escola é localizada é de via de duas mãos, mas é estreita e sempre tem carros parados por causa das casas e um comércio. Na calçada em frente à escola há uma área para estacionamento das vans, as peruas escolares. Ela toma praticamente a frente toda da escola, então, se já é ruim estacionar, fica pior. Normal até então. 

Quando chego logo cedo, observo se tem alguma vaga, quando tem, vou até o final da rua para fazer a volta e parar na vaga do modo correto, já que não estamos na Inglaterra, ou outro país de mão inglesa. E quando chego… tem um carro lá parado. Mas espera! Ele não estava lá quando passei! Realmente não estava, simplesmente parou do jeito que chegou, sem se importar se é o modo correto ou não. Então, estaciono na rua ao lado ou um pouco mais acima, sem problema. Há uma faixa de pedestre em frente à escola, e com frequência pais param os carros ali mesmo, não se importando de há faixa ou não. 

Numa dessas manhãs, deixei o carro na rua lateral, fui à pé com minha filha e ao chegar para atravessar havia dois carros parados na faixa, um de cada lado. Ela olha pra mim e fala: “Pai, esses carros não podem estar aqui em cima da faixa, né?”. Claro que não. Ela sabe. Mas, porque diabos, esses pais não sabem? Entendem onde quero chegar? Eu poderia dar outros exemplos relacionados ao trânsito, mas vocês estão cansados de saber. Não? São esses exemplos que as crianças absorvem, elas veem os pais fazendo coisas assim e acha que pode fazer coisa errada, e não adianta querer dar bronca depois por algo errado; elas vão jogar isso na sua cara. Elas não ligam para o que falamos, elas estão atentas ao que fazemos. Esse é o grande problema. E por quem será formada a sociedade do futuro?

Outro dia estávamos em um grupo de pessoas, e falávamos sobre carreira, trabalho, essas coisas. Uma das pessoas disse que havia passado em um concurso público e aguardava ser chamado. Logo após esse anúncio alguém diz: “Aee… Funcionário público… só nos esquemas agora… caramba… que moleza… ganha e não faz nada… e ainda dá para tirar uns por fora, né?”. Claro que a pessoa não gostou, mas teve que fingir ser engraçado pra não estragar o clima. Outro disse que foi promovido e agora estava em um cargo de gerência, nisso ouve-se novamente algo como: “Olha só, gerente… Agora sim, onde mando meu CV? Agora consegue um monte de coisa, né? Que legal!” Perceberam? O fato de ter passado no concurso ou ter sido promovido não é importante. O importante são “os esquemas”, é o fato de conseguir recursos por meio um tanto quanto duvidosos, é ajudar terceiros, quartos e quintos. E por ai vai.


São características que estão no DNA da nossa sociedade. Sempre queremos algo a mais, ou um esquema, ou uma fila furada. Mas isso sempre para nós. Se alguém faz isso antes de nós, ficamos bravos, queremos botar fogo no mundo. É sempre o “eu”, EU quero, EU preciso, EU tenho que ter, e o resto que se lasque. É praticamente impossível pedir algo da classe política se ela vem diretamente da nossa sociedade e é bancada por essa mesma sociedade. Se você oferece dinheiro para o agente de trânsito não te multar, você é tão corrupto quanto eles. E o mesmo serve para qualquer servidor que pede um “cafezinho” para “passar um pano” no delito, são tão corruptos quanto quem cobra a mais para construir um estádio de futebol. 

A nossa sociedade é doente, a nossa sociedade é podre, e tudo que sair dela também é. Ok, agora você diz que estou generalizando, concordo. Mas como não fazê-lo? São poucos que se salvam, e esses poucos são ofuscados pelos muitos, isso quando não são corrompidos também, ou obrigado a se corromper. Depois que isso acontece não tem mais jeito. O travesseiro já sabe o peso da consciência, ele nem liga mais. E o indivíduo quer sempre mais e mais. Nunca está satisfeito com o que tem. O milhão pode ser dois. Os dez milhões podem virar cinquenta. Usando essa lógica, todo dinheiro que poderia ser utilizado em benefício das pessoas, da sociedade, é colocado em ilhas fiscais, transformada em joias nos pescoços ou cofres de madames. E de nada, nada, adianta defender esse ou aquele político, fazer dele seu Malvado Favorito. Você não vai ganhar nada, absolutamente nada com isso. Muito pelo contrário. E assim seguimos. 


E ao mesmo tempo que tudo isso ocorre, a Maria morre por não ter um tratamento de câncer adequado. O João entra em óbito, pois, não tinha uma viatura policial naquele local para impedir um assalto. A Clarinha não não vem a esse mundo, pois sua mãe grávida não achou vaga no hospital, teve o parto na rua e ela precisava de cuidados urgentes que não teve. E as discussões são para saber quem é mais ladrão, quem é mais corrupto, quem é mais estimado como ladrão. É uma cadeia, é um círculo vicioso que destrói a cada dia um pouco da nossa sociedade, até o momento que não haverá mais como consertar. Não haverá nada além de lamentações





*imagens da internet

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