sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Minha filha fala cada coisa...



A mente de uma criança é realmente algo incrível. Elas conseguem criar relações entre as coisas e lógicas que nós ficamos pensando como elas conseguiram isso. E a curiosidade é outra coisa sensacional. Absolutamente tudo elas querem saber. São as mais diversas perguntas sobre os mais diversos assuntos. E ai de você se responde o famoso: "Porque sim!", pode acontecer de você ouvir um "Mas porque sim não é resposta!". É, criamos pequenos monstros. 

Minha filha não é diferente das crianças de cinco anos que existem por ai. Toda sua energia. Seu fôlego. Seus questionamentos. Dúvidas e algumas certezas no algo dos seus cinco anos de experiência. Confesso que posso pegar meio pesado em algumas coisas, mas eu tento sempre aproximá-la da realidade mostrando sempre que ela ainda é criança. Tento responder alguns de seus questionamentos, mesmo que eu me enrole um pouco, ou que eu tenha que mudar alguma coisa na história original, mas sem mexer no seu contexto. O que vale é entender do que se trata, os detalhes com o tempo ela vai saber. 

Já comentei nas redes sociais e já devo ter escrito algo a respeito onde eu digo que nós não sabemos criar filhos. E não sabemos mesmo. Só vamos saber daqui há vários anos. E quando esse momento chegar, não precisaremos mais, pois, eles já estarão adultos. Nós vamos na famosa tentativa e erro. Olhando aqui, ouvindo aqui, lendo acolá. Mas sempre, sempre, decidindo por nossa conta. São nossas decisões, toda responsabilidade é nossa. Isso é algo muito, mas muito complicado. 


Como sou fã de quadrinhos e super-heróis eu tenho alguns bonecos de ação na estante do meu escritório. Às vezes ela pega alguns (os que ela sabe que estão liberados) para brincar. Esses dias ela me disse que queria um boneco do Capitão América como o que eu tenho. Falei que tudo bem, não haveria problema e que assim que possível compraria um para ela brincar. Em seguida ela me diz que era para casar com as suas bonecas. Claro que ri e pensei que o Sr. Steve Rogers se daria muito bem nessa história. 

Ela seguiu brincando e virou para mim e disse: "Pai, posso casar menino com menino né?". Parei um pouco que eu estava fazendo para poder pensar. E respondi: "Pode sim. Mas porque você quer casar menino com menina?". "Ah, é que não tem nenhuma menina para casar com eles". Mas logo após, antes mesmo de eu poder responder ela deu um pulo e disse: "Ah! Tem sim... Pera aí!", e saiu correndo para seu quarto pegar umas bonecas. Ainda fiquei parado por alguns instantes, mas depois comecei a rir. 

Outro dia brincávamos com minha pista de corrida, como aquele antigo Autorama. Ela se divertiu montando a pista ou vendo o carrinho capotando para fora dela. Eu não tenho objeção quanto ao tipo de brinquedo. Ela possui as bonecas, as princesas, mas também tem carrinho, brinca com os meus. Se está com algum menino, ela brinca normalmente. Eu tento não colocar a separação entre "brinquedo de menina" e "brinquedo de menino". Dias atrás ela brincava com um posto de gasolina. Subia com o carrinho, lavava, abastecia, e etc. Qual o problema? Uma mulher pode ser dona de um posto de combustíveis. Assim como pode ser piloto de corrida, não é verdade?



Mas ela tem algumas certezas nessa vida longa de seus cinco anos. Ela disse que não vai casar. Não pretende casar e não quer. Eu dei apoio, claro. "Isso ai, filha. Não precisa casar, estude bastante para ficar bem inteligente para conseguir um emprego muito bom e ir morar no exterior, de preferência no Canadá ou Inglaterra, assim teremos onde passar uma temporada". Claro que eu tive que ver meu lado nessa, não é?

É muito engraçado ver a certeza com que ela fala as coisas. Se você pede que ela coloque uma roupa comprida, já que mais tarde mais esfriar, ela diz que não. Que não vai e que a escola dela é quente. Ou quando sai do banho já fala que quer colocar um vestido, independente se estiver um sol à pino ou geando. E tente contrariá-la, arrumara uma briga por eternos sessenta minutos. Para ela só faz frio quando nossos braços ou pernas ficam com bolinhas (o nosso famoso arrepio). 

Sinceramente eu acho essa lógica infantil sensacional. Depois que me tornei pai comecei a enxergar algumas coisas com outros olhos e entender algumas coisas de outras maneiras. E, acredito eu, que não deveríamos nunca fazer diferente. Não deveríamos nunca tirar a essência de uma criança. Aquela alma inocente que não enxerga o mau das pessoas. Apenas um mundo de fantasia. Seria tão legal se fosse uma Terra do Nunca onde não nos tornássemos adultos. Ou ser como Calvin e Haroldo e suas histórias fantásticas. Não vamos complicar a mente deles, deixe-os livres, pensar livremente, brincar como e com que quiser. A infância é apenas uma vez, e deve ser muito bem aproveitada para que no futuro ela tenha histórias para contar. 


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