quinta-feira, 11 de junho de 2015

[Opinião] - O trouxismo nosso de cada dia.


Como somos trouxas, realmente somos um verdadeiros imbecis. 

Quando o povo está no plenário da Câmara e se manifesta com cartazes ou aos berros eles são retirados de lá, às vezes de forma truculenta. Ontem (10/05) a bancada evangélica entra, no meio da sessão, com faixas e cartazes, aos gritos e palavras de ordem contra a Parada Gay de São Paulo, tomam conta da mesa e rezam o Pai Nosso, indo contra o tão falado e não respeitado Estado Laico. Lembro-me de uma ocasião que em uma Câmara de uma cidade de interior, uma pessoa não quis repetir o Pai Nosso quando um deputado resolveu entoá-lo. Esse cidadão foi retirado a força da câmara e preso. 


Eles podem se manifestar, vai a população.


Mas a nossa imbecilidade e trouxismo (nem sei se existe esse termo) não param por ai. A sociedade clama por mudanças. Algumas 'poucas' milhares de pessoas foram às ruas em várias cidades do país exigindo mudança (não vou entrar no mérito de mudarem na urna). O governo - digo o governo todo, ok? Não apenas uma pessoa - resolve fazer algo e mexe em uma coisa aqui, outra coisinha acolá. "Olha, eles estão fazendo!" - gritam alguns. Mas sabemos que não é bem assim. Anunciam a tão esperada "Reforma Política", que termo pomposo, daria um bom livro. De comédia. Alguns pontos são colocados em votação. Claro que ainda está tudo caminhando - à passos de formiga e sem vontade - e ainda tem muito que andar, mas estão andando. 




Votam o sistema eleitoral. Fica tudo como está. Sabe como é, mudar agora... as pessoas podem se confundir, podem não gostar, vamos deixar como está. Além do mais, vamos nos prejudicar - pensam eles.


Votam a reeleição. Votam contra. Oba! Não haverá mais reeleição. Que ótimo! Mas em contra partida votam pelo aumento do mandato. What??? Agora serão cinco anos, e não mais quatro. Faz-me rir. 

Ah, e aquele projeto de fazer uma eleição geral, colocando a escolha de todos os cargos em apenas um ano de eleição não passou. Sabe como é... Eles alegam que isso pode 'afastar a população da política'. Mais??? Se afastar mais só se formos para Marte! A política hoje se tornou algo inatingível para muitos, e ininteligível para outros tantos. O fato de ter uma eleição para todos os cargos em apenas um ano é algo complicado demais? Só não sei se para nós ou para eles. É muito mais interessante ter eleições a cada dois anos, parar um mandato pela metade para concorrer a outro cargo. Quem perde somos nós. Os mandatos precisam estar em acordo, andarem lado a lado. Entra o partido A em uma cidade e tem o mesmo partido no estado. Dois anos depois, sai o A do estado e entra o B, e aquele município pode se prejudicar. O mesmo ocorre com estado/federação. 

Votam a obrigatoriedade do voto. Algo também muito solicitado pela população, visto o grande número de abstenções das urnas. Eles resolvem manter. Novamente o deixa como está. 'Podemos ser prejudicados'. Mas se o nosso sistema já não leva em consideração as abstenções, nulos e brancos, será mesmo que a não obrigatoriedade faria tanta diferença assim? 

E assim continuamos a ser obrigados a votar. Obrigados a participar de um processo de seleção que não leva muito em conta nossas escolhas, no caso dos deputados e vereadores. E ainda nos obriga a escolher algo que já não havíamos escolhido antes, no caso do segundo turno. 

Mas não há obrigatoriedade de manter cumprir as promessas de campanha. De colocar as contas à limpo. De ser integro nas convicções. De aplicar o nosso dinheiro onde é para ser aplicado e não nas próprias contas. A obrigatoriedade de manter um sistema de saúde digno, e uma segurança pública digna. A obrigatoriedade de manter a ética - apesar de achar que 99% deles não sabem o significado dessa palavra. E por ai vai. 

Olhando assim até parecem legais.

Cada dia que passa estamos mais presos. Estamos atrás de muros e grades, dentro de carros blindados, levando nossos filhos para quase dentro das classes com medo que aconteça algo no caminho. Não podemos sacar um dinheiro em um caixa eletrônico sem entrar em paranoia se a pessoa que está atrás de nós está vendo nossa movimentação. Saímos do mercado com duas sacolas e deixamos metade de um salário mínimo. Trabalhamos praticamente cinco meses para pagar toda carga tributária que cai sobre nossas cabeças. Além da carga em cima de produtos e serviços. Andar de carro virou luxo. Andar de ônibus, trem ou metrô, é questão de sorte. Ter algo mais valioso em mãos é perigo de vida. Enquanto isso, dinheiro e mais dinheiro é gasto em maracutaias, super faturamentos, verbas indenizatórias de todo tipo, setenta e cinco assessores para um deputado em uma sala de 20 metros quadrados. Funcionários fantasmas que deixaria qualquer filme de terror com inveja. E nada disso muda. Nada do que realmente poderia fazer diferença muda. 

Agora vira crime andar com uma faca.Tome muito cuidado se a senhora precisar comprar uma faca nova, se pegarem-na com ela pode ser crime. Vamos esconder a faca para levar naquele churrasco na chácara. A culpa é da faca. Ela sai sozinha por ai entrando em corpos de médicos, de pais de família, de mulheres que estão fazendo compras. A culpa sempre é da faca, já que não temos o mordomo. Estamos sobre o julgo de bancadas disso ou daquilo que querem apenas impor seu ponto de vista. Exigem respeito, mas não respeitam. Querem reconhecimento por meio da força. Querem impor algo que eles julgam ser o correto, mas eles praticam o que há de mais incorreto, o que há de mais podre e vil, condenado a cada 11 de 10 religiões. E temos que ficar quietos, pois não temos o direito de opinar, falar, de querer saber ou exigir os nossos direitos, já que deveres, esses nós temos aos montes. 


Até mais, seu abestado!

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