terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Se você não é Charlie, quem é você?



Mal começamos o ano e já tivemos um ataque terrorista  e como em toda tragédia já temos uma avalanche de opiniões e questionamentos, algumas boas e outras nem tanto assim.
A revista francesa Charlie Hebdo foi atacada por extremistas religiosos por conta de ter publicado uma charge com o profeta Maomé anos atrás. Eu lembro de quando a revista publicou a charge que houve muita repercussão. 

Depois dos ataques do dia sete  eu vi nas redes sociais e sites por ai pessoas abordando o tema dizendo que é errado fazer isso, que não podem “brincar” com esse ou aquele, com Fulano ou Ciclano com esse ou aquele deus. Eu fico me perguntando: E por que não? Qual o problema? Como podemos abordar assuntos polêmicos de interesse coletivo se não dessa maneira? Muitos usam desse artifício, são charges, piadas, peças, textos, crônicas e por ai vai, onde nós achamos graça, rimos e depois pensamos.

Vejo muitos por aqui falando que a revista não poderia ter feito isso, que ela está errada e tal. Ok. Vamos lá. Quando você está em um bar com amigos, em um churrasco ou no cafezinho da empresa e aquele seu colega “gaiato” resolve fazer uma piada e o tema é as religiões afro (Umbanda, Candomblé e outras) você ri, não ri? Quando falam que Kardecistas ficam atrás de fantasminhas, você também ri. Quando fazem charges e piadas com políticos mostrando a situação do nosso país você ri, não ri? Quando fazem piadas ou charges com os pastores mostrando o quanto alguns deles são destrutivos e só pensam no pagamento do dízimo que na maioria das vezes vai para seu bolso você também ri, não ri? E aquele outro colega que é cheio de fazer piadas com gordos, negros e mulheres? Você também ri dele, não ri? Sim, você ri. Mas depois fica pensando no assunto, se ele está certo ou não.  

Com certeza a religião é um dos males dos dias atuais, e só está piorando. Quem me dá o direito de achar que minha religião é melhor que a sua ou melhor que a do meu vizinho? De achar que o meu deus, profeta ou seja lá quem for, realmente existiu e tudo que ele supostamente fez ou disse é a mais pura verdade? Que eu vou para o céu se matar uma quantidade X de pessoas de outras religiões, mas você vai pro inferno pelo simples fato de ajudar uma idosa a atravessar a rua? Historicamente todas as religiões possuem erros, seja na sua história ou suas doutrinas. Algumas chegaram ao ápice com mortes, guerras, mentiras e enganações. Outras usam as pessoas ignorantes para seus propósitos pessoais. Outras possuem doutrinas tão estapafúrdias que fica complicado saber que há quem siga.  Mas cada um deles se acham com mais razão que os outros. E eu nem preciso dizer o final de tudo isso.

Aqui no Brasil vi pessoas contra a revista mas dizendo que esses atos são irresponsáveis e não podem acontecer. Desculpe, mas ao meu ver a realidade não é essa. Se a pessoa se sente “vítima” ela quer mais que tudo se exploda mesmo. “Foi bem feito, quem mandou fazer piada com Fulano!!” Com certeza essa frase passou pela mente de muitos que postaram suas opiniões ou alguns até mesmo disseram em algo e bom som. E eu tenho um apreço por isso. Claro que não concordo com a pessoa, mas ela não se sentiu ameaçada e disse algo e claro sua opinião. Mas muitos ficam quietos, apenas comentando ou tentando encontrar palavras que não soem um tanto quanto, digamos, terroristas?
Não estamos nem ai para os outros se os outros tem opinião diferente da nossa. Quem se importa? Diga-me que estou errado. Se eu sou católico que atacam a “santa” igreja eu fico puto e saio xingando. Mas se falam mal da Umbanda eu participo, já que tudo aquilo é coisa ruim. Se sou evangélico eu vou para o céu, mas se meu vizinho também é, mas de outra igreja que não a minha, ah, esse vai queimar no inferno. Sabemos que é assim que funciona. E é pura hipocrisia esconder ou mentir dizendo que não.

O fato é que temos que lutar contra todo e qualquer tipo de fanatismo. Extremistas não estão aqui para fazer o bem, ou você já viu algum extremista que doa cesta básica ou ajuda deficientes visuais a atravessar a rua. Eu nunca vi. É preciso cortar o mal pela raiz e descobrir como esses grupos se mantém, cortar a fonte. Infelizmente a parte cultural é muito mais complicada de muda. Acredito que chega a ser impossível mudar a mente de um integrante desses grupos, já vimos casos de pessoas que pensaram por si e resolveram sair desses grupos e foram perseguidos e mortos, só pelo fato de pensar. O simples fato de usar a massa cinzenta e pensar, saber raciocinar causou sua morte.
Sei que esse texto não agradará muitos, e realmente não me importo. Só gostaria de não ver mais notícias desse tipo e que cada um siga o que queira, ou não siga nada, sem o risco de ser morto, ou ser abalrroado ou um carro bomba ou receber o abraço de um homem-bomba (até crianças-bomba estão usando por ai). 

Tantos queriam o futuro, estamos nele.
Dois mil e quinze, em muitos filmes esse ano era o futuro esperado.
Mas que futuro de esperança é esse que se parece mais com um passado tenebroso?

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