terça-feira, 2 de setembro de 2014

Cada coisa em seu lugar.



Religião é uma fé, uma devoção a tudo que é considerado sagrado. É um culto que aproxima o homem das entidades a quem são atribuídas poderes sobrenaturais. É uma crença em que as pessoas buscam a satisfação nas práticas religiosas ou na fé, para superar o sofrimento e alcançar a felicidade.

Religião é também um conjunto de princípios, crenças e práticas de doutrinas religiosas, baseadas em livros sagrados, que unem seus seguidores numa mesma comunidade moral, chamada Igreja.

Todos os tipos de religião têm seus fundamentos, algumas se baseiam em diversas análises filosóficas, que explicam o que somos e porque viemos ao mundo. Outras se sobressaem pela fé e outras em extensos ensinamentos éticos.





Três assuntos me chamaram a atenção essa semana, e ainda estamos na terça-feira e as três envolvem religião. O parágrafo acima explica de foram bem resumida o que é religião, eu achei essa explicação bem plausível e de fácil entendimento.

A minha opinião é que a religião é algo que termina por si. É algo de escolha pessoal, qual religião ter ou não ter alguma. Cada pessoa escolhe o que quer fazer e respeitar, e aceitar todos preceitos estabelecidos. Infelizmente muitas pessoas utilizam a religião como imposição, com intenções financeiras, aqueles que enganam e se aproveitam do suposto “poder” que a religião fornece. Infelizmente  muitas pessoas não enxergam essas coisas e acabam sofrendo mais do que encontrando paz e alento. A religião não deveria se relacionar com política, em hipótese alguma.

Bom, os três assuntos que citei acima são: 


  • A retirada do índio do uniforme do Guarani de Campinas;
  • A mudança do projeto de Marina Silva no texto do casamento civil igualitário;
  • E a proibição de um garoto de assistir aulas na escola por usar guias de candomblé.


Vamos lembrar um pouco de história. Na Idade Média, a Igreja Católica era o poder logo abaixo do nobreza com seus reis e rainhas. O poder da ‘santa igreja’ era imenso. Mas havia algo interessante, a maioria da população era analfabeta, e a igreja guardava para si quase todos os livros e documentos existentes. Assim ela poderia fazer ou falar o que bem quisesse, já que assim julgavam como verdade. Era cobrada indulgências para que as pessoas pudessem pedir graças, para que Deus as ouvissem tinham que pagar (lembra algo?). A igreja perseguia e matava quem julgava em desacordo com o que ela pregava. Acho que não preciso entrar em detalhes, já que você, caro leitor, é uma pessoa com bons conhecimentos.  Anos depois surgiu Martin Lutero, que em desacordo com muitos pensamentos da igreja, e criador de várias teses, traduziu a Bíblia do Latim, fazendo com que uma gama maior de pessoas tivesse acesso às ‘sagradas escrituras’ , criando assim ‘pensadores’, e não apenas cegos ouvintes.  A igreja era figura fácil no meio político, muitas vezes decidindo várias questões. 


Hoje, em pleno Séc. XXI vejo algo parecido aqui no Brasil.  Digo parecido pois, a igreja católica não é mais tão forte assim, e o movimento evangélico vem aumentando significativamente. Pessoalmente isso não me interessa, o fato de aumentar ou diminiuir certa religião é irrelevante. O que me interessa é a influência na política e nas decisões da população em um todo. Isso leva-me aos pontos acima. 



O índio no uniforme do Guarani de Campinas



Desde que eu me entendo por gente o uniforme do Guarani tem um índio. O time é chamado de Bugre. O símbolo do time é um índio. Tantos álbuns de figurinhas colados e o índio estava lá. Mas agora ele foi retirado. E o motivo? Um grupo de jogadores evangélicos solicitaram a retirada do índio do uniforme por base a religião.
Mas será que isso foi uma decisão de 50% + 1 dos jogadores, dirigentes e torcedores? Não é assim que funciona a suposta democracia? O que faz com que um pequeno grupo tome uma decisão assim e ainda por cima, ela seja acatada?


           

            A mudança do projeto de Marina Silva no texto do casamento civil igualitário



Sim. É um assunto polêmico. Eu tenho meu ponto de vista, e pode não ser igual a muitos. Mas a candidata anuncia um projeto à favor do casamento civil igualitário, e depois de uma pressão da ‘bancada evangélica’ ela muda de ideia. E novamente a religião tomando decisões de forma arbitrária. Algum problema se ela (candidata) for a favor? Será que ela não tem o direito de escolher algo, se ela achar que é melhor para comunidade? Mas não, a igreja tem que se envolver e baseando-se nas ‘sagradas escrituras’ querem mudar várias coisas, o fato interessante é pegar apenas as partes que interessam do livro sagrado. Temos candidatos evangélicos e de outras religiões que tem como base da campanha a religião. Só. Tem como projetos “o que Deus quiser”.  Desculpe, mas não funciona assim pra mim.



           

        A proibição de um garoto de assistir aulas na escola por usar guias de candomblé




No estado do Rio de Janeiro, um jovem foi retirado da escola por usar guias de candomblé. Ele aderiu a essa religião a poucos meses, e como todas religiões, ela tem seus preceitos. Mas a escola não permitiu o uso e o mandou embora. No outro dia ele retornou com as guias por baixo da camiseta escolar (branca), de bermuda e bonés brancos (como pede o preceito). Mas não foi permitido que ele entrasse alegando que o uniforme estava ‘em desacordo com os padrões’. 




Por essas e por outras que eu entendo que a religião não deve ser misturada com política. São coisas distintas. Assim como religião e futebol. Política e futebol.  Cada coisa é auto suficiente. Eu realmente temo que as coisas possam desandar aqui nesse país. Vemos ultimamente muitos casos de racismo, preconceito, perseguição religiosa. Felizmente  não temos aqui grupos terroristas fundamentalistas como vemos no oriente. Mas temos pessoas burras e ignorantes. Pessoa que usam de outras para subir na vida. Pessoas que acham que podem fazer de tudo, mandar e desmandar colocando um deus à frente ou qualquer outra divindade.A política tem que encontrar soluções para a população, e não segregá-las. As decisões não podem ser tomadas por um grupo e para um grupo específico. Já temos vários casos assim na história mundial.

Não me interessa sua religião. Ela é uma escolha sua. Desde que ela não influencie em decisões que afetem outras pessoas. Temos a fama de um povo divertido, um povo alegre, que recebe todos de braços abertos, somos um povo com mistura de outros povos e isso nos faz socialmente agradáveis. Mas não somos assim. Somos preconceituosos, ignorantes, burros, preguiçosos, que aceitamos tudo do que jeito que está, que se comove com a morte de uma pessoa conhecida e toma decisões com base nas emoções. Não se dá ao trabalho de tentar entender algo. Não questiona. Esses somos nós. E se continuarmos assim, aceitando tudo sem ao menos dizer: “só um minuto, mas qual a razão disso?”, temo que podemos voltar  à idade média, temo que possamos ter aqui uma perseguição religiosa e quiçá uma guerra santa. Pode ser exagero da minha parte. Você pode achar que seja. Será que ninguém achou que Hitler ou Mussolini eram exagerados?

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